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quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

ENCANTO NO LIVRO

O LUGAR ONDE VIVI
 
     Naquele tempo era comum as cidades pequenas. Eram poucos os moradores, poucas casas e todo mundo se conhecia. As estradas eram formadas por longos e longos caminhos de barro. Lembro-me que a vida era muito difícil. Alguns dos alimentos que comíamos eram retirados da plantação e o que não vinha da roça tinha nas pequenas bodegas.
     Não existia hospital, era preciso nos deslocar para a cidade mais próxima. Existiam muitas doenças. Crianças, jovens, adultos em geral morriam vítimas da falta de atendimento. As gestantes, por sua vez, chamavam as parteiras e tinham o filho em casa mesmo.
     Ah! não posso esquecer as escolas. Nossa! a educação era cruel! as professoras usavam as famosas palmatórias que provocavam arrepios, medos, fazendo muitas crianças trocarem os estudos pela roça.
     Na família havia pouco diálogo, os pais naquela época eram brutos, sem estudos e muito mais exigentes. Se o filho não obedecesse às regras rígidas ou faltasse com respeito aos mais velhos era punido com castigo e colocado de joelho em cima de grãos de milho.
     Na hora das refeições todos se reuniam. "Era o momento sagrado", como dizia meu pai. Xerém, feijão com farinha e rapadura faziam parte do cardápio. Qualquer novidade era uma festa. Lembro-me ainda dos causos de assombração, que eram tantos: meu pai dizia que tinha um morador da comunidade dele que virava lobisomem, e que isso acontecia nas sextas-feiras de lua cheia.
     Eu não vou me esquecer das histórias do meu sertão. Isso não sai da memória de quem as viveu e nem da minha. Como é bom conhecer, lembrar, relembrar e reviver.
 
Thamara Aline da Silva Pontes