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sexta-feira, 28 de junho de 2013

BUSCANDO ENTENDER E TENTANDO CONTRIBUIR!

A festa parece estar chegando ao seu final. Não me refiro à Copa das Confederações, mas às manifestações que têm acontecido no nosso país. Para toda festa existe ressaca (concordo com você se discordares de mim) mas ainda há festa! Portanto acredito que posso, mesmo inebriado de tanta DEMOCRACIA, comentar um pouco sobre os festeiros convidados, ou sobre os não convidados.
Acredito muito mais importante comentar sobre os “penetras”! BEM VINDOS!!!!
Quem são essas pessoas?
O que elas querem?
De onde surgiram?
Não tenho essa resposta! Acredito que estudos sociológicos já estão em curso para entender “de rocha” (a maioria dos meus alunos fala assim) o que está acontecendo aqui e agora (permitam-me parodiar um dos mais nojentos, sob meu ponto de vista, telejornais brasileiros dos anos 90).
É absolutamente fantástico ver essa galera, formada por adolescente, adultos jovens e também idosos, ir às ruas! Isso é absolutamente positivo por que, enquanto cidadãos, eles não têm outra opção senão brigar pela qualidade de prestação de serviços do Estado. Afinal de contas paga-se imposto e isso deve ter retorno garantido em termos de EDUCAÇÃO DE QUALIDADE,  SAÚDE DE QUALIDADE,  E SEGURANÇA DE QUALIDADE. Esses são os três principais pilares de responsabilidade previstos pela nossa Constituição ao nosso Estado, e em nenhuma hipótese eles podem ser negligenciado. Lutar por eles não é direito, É OBRIGAÇÃO!
Talvez o que precise ser entendido é que o lutar por esses direitos deve acontecer, principalmente, quando temos as nossas eleições.
ELEIÇÃO É A FESTA MAIOR DA DEMOCRACIA! é neste momento em que depositamos nossa confiança em dias melhores para o nosso país e, consequentemente, para nós cidadãos.
Para uns Isso pode não ser é o ideal, mas, felizmente, é  o real. Felizmente porque temos Democracia.
Para conviver com Democracia é necessário saber conviver com o que podemos chamar de PACTO SOCIAL.
O que significa isso? Isso é simples, não precisa ser sociólogo para entender essa ideia:
PACTO SOCIAL SIGNIFICA: CIDADÃOS DE DIFERENTES FAIXAS ETÁRIAS, CONDIÇÕES SOCIAIS,
E IDEOLOGIAS POLÍTICAS, (quem quiser pode acrescentar outras condições) UNINDO-SE COM O ÚNICO OBJETIVO DE PROMOVER O BEM ESTAR SOCIAL.
Aí está o grande problema! é aí que aparece o grande X da questão!
É preciso e urgente que isso seja observado para que aconteça um avanço na nossa latente democracia e para que essas manifestações não se tornem apenas “coisas momentâneas e saudosas futuramente”.
O que é o isso ao qual me refiro? Simples: O RESPEITO E COOPERAÇÃO AO QUE FOI PROPOSTO PARA QUE ISSO SE TRANSFORME EM BENEFÍCIOS DE TODOS!
Acontece isso no Brasil? Permito-me ser mais ousado e atiçar: ISSO ACONTECE EM QUALQUER PAÍS DO MUNDO?.

NÃO! NÃO É ISSO QUE ACONTECE!!!!

Após toda eleição o que acontece é uma calmaria/apreensão nojenta onde se percebe que o que aconteceu até às 17 horas desse dia pode ser a glória para os eleitos(não das propostas votadas) ou a derrota para os não-eleitos(não das propostas votadas). ISSO ESTÁ ERRADO!
ISSO DEVE SER MUDADO! e isso só pode ser mudado a partir de nós cidadãos!
Ninguém vai disputar cargo público eletivo com propostas que atentem contra o próprio povo. MAS O QUE ACONTECE É QUE OS FORAM DERROTADOS EM VEZ DE LUTAREM PARA QUE SUAS BOAS PROPOSTAS POSSAM SER INCORPORADAS PASSAM A TORCER PARA QUE TUDO DÊ ERRADO PARA OS VENCEDORES DO PLEITO, NÃO IMPORTANDO SE O POVO (mesmo o que ele tem como aliado) SEJA PERDEDOR OU NÃO.
O eleito deve trabalhar, (TRABALHAR MESMO, AFINAL ELE , ENQUANTO EXERCER CARGO PÚBLICO, É UM FUNCIONÁRIO DA SOCIEDADE) pelo bem comum do cidadãos que ele governa.
Infelizmente o que tem negado esse dever é o tipo de representante político que ainda se vê em todas as democracias do mundo. ISSO MESMO, DO MUNDO! (não se iludam com os arautos dos bons costumes que aparecem aqui pelo nosso querido Brasil, pois a maioria é/foi ou será capaz de defender coisas piores estando no poder).
Ano que vem 2014 teremos oportunidade, NOVAMENTE, de renovar o Congresso. Grifei novamente por que entendo assim! Congresso deve ser sempre a nossa casa, lá devem trabalhar os que nós elegermos! Então vamos pensar com mais responsabilidade em quem vamos colocar ali.
EDUCAÇÃO, SÁUDE E SEGURANÇA são os itens chave? Então analise o que fez o seu deputado e senador com relação a esses pleitos! Com uma ressalva: CUIDADO COM O COORPORATIVISMO!!!!!! Se você pensar em eleger um médico, dono de clínica ou dono de hospital verifique se ele está pensando em somente proteger sua classe ou  a QUESTÃO DA SAÚDE DA POPULAÇÃO! Se você pensar em eleger um professor, verifique se ele é dono de escola, cursinho pré-vestibular se está querendo apenas DEFENDER A SUA CLASSE OU SE PENSA DEFENDER A QUALIDADE DA EDUCAÇÃO! Se você pensar defender um policial, delegado ou empresário do ramo da segurança verifique se o sujeito pensar na sua categoria ou na REAL QUESTÃO DA SEGURANÇA DO CIDADÃO.
PENSE! ISSO SÓ CUSTA UM POUCO DE TEMPO!!!!!
A mudança do nosso país não deve ser por Brasília! Essa cidade não deve ser achincalhada como o que há de pior no nosso país!
Sou POTIGUAR, com MUITO ORGULHO. Não vim parar aqui por vontade própria, mas pelas mesmas coisas (ou falta delas) que levaram muitos de nós a mudar para São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Minas Gerais...
Aqui a população é formada por gente trabalhadora, esperançosa de um Brasil melhor e um DF melhor.
Ajude-nos na nossa luta!
No próximo ano todos os brasileiros renovarão a estada, ou não, de alguns deputados e senadores. Ajude a limpar Brasília e mandem bons representantes!

Pensar não gasta dinheiro e ainda ajuda a saúde!

 

quinta-feira, 27 de junho de 2013

BASQUETE DE NOVA BETÂNIA NOS JEDF

Nova Betânia X Católica

Nova Betânia X CEAMA

Nova Betânia X Santa Doroteia/Lance Livre










domingo, 9 de junho de 2013

PARA PENSARMOS


Pela ampliação da maioridade moral

E pelo aumento do nosso rigor ao exigir o cumprimento da lei de governantes que querem aumentar o rigor da lei (e também dos que não querem)

ELIANE BRUM
Eliane Brum, jornalista, escritora e documentarista. Autora de um romance - Uma Duas (LeYa) - e de três livros de reportagem: Coluna Prestes – O avesso da lenda (Artes e Ofícios), A vida que ninguém vê (Arquipélago, Prêmio Jabuti 2007) e O olho da rua - uma repórter em busca da literatura da vida real (Globo).
Eu acredito na indignação. É dela e do espanto que vêm a vontade de construir um mundo que faça mais sentido, um em que se possa viver sem matar ou morrer. Por isso, diante de um assassinato consumado em São Paulo por um adolescente a três dias de completar 18 anos, minha proposta é de nos indignarmos bastante. Não para aumentar o rigor da lei para adolescentes, mas para aumentar nosso rigor ao exigir que a lei seja cumprida pelos governantes que querem aumentar o rigor da lei. Se eu acreditasse por um segundo que aumentar os anos de internação ou reduzir a maioridade penal diminuiria a violência, estaria fazendo campanha neste momento. Mas a realidade mostra que a violência alcança essa proporção porque o Estado falha – e a sociedade se indigna pouco. Ou só se indigna aos espasmos, quando um crime acontece. Se vivemos com essa violência é porque convivemos com pouco espanto e ainda menos indignação com a violência sistemática e cotidiana cometida contra crianças e adolescentes, no descumprimento da Constituição em seus princípios mais básicos. Se tivessem voz, os adolescentes que queremos encarcerar com ainda mais rigor e por mais tempo exigiriam – de nós, como sociedade, e daqueles que nos governam pelo voto – maioridade moral.
Se é de crime que se trata, vamos falar de crime. E para isso vale a pena citar um documento da Fundação Abrinq bastante completo, que reúne os estudos mais recentes sobre o tema. Mais de 8.600 crianças e adolescentes foram assassinados no Brasil em 2010, segundo o Mapa da Violência. Vou repetir: mais de 8.600. Esse número coloca o Brasil na quarta posição entre os 99 países com as maiores taxas de homicídio de crianças e adolescentes de 0 a 19 anos. Em 2012, mais de 120 mil crianças e adolescentes foram vítimas de maus tratos e agressões segundo o relatório dos atendimentos no Disque 100. Deste total de casos, 68% sofreram negligência, 49,20% violência psicológica, 46,70% violência física, 29,20% violência sexual e 8,60% exploração do trabalho infantil. Menos de 3% dos suspeitos de terem cometido violência contra crianças e adolescentes tinham entre 12 e 18 anos incompletos, conforme levantamento feito entre janeiro e agosto de 2011. Quem comete violência contra crianças e adolescentes são os adultos.
Será que o assassinato de mais de 8.600 crianças e adolescentes e os maus tratos de mais de 120 mil não valem a nossa indignação?
Diante desse massacre persistente e cotidiano, talvez se pudesse esperar um alto índice de violência por parte de crianças e adolescentes. E a sensação da maioria da população, talvez os mesmos que clamam por redução da maioridade penal, é que há muitos adolescentes assassinos entre nós. É como se aquele que matou Victor Hugo Deppman na noite de 9 de abril fosse legião. Não é. Do total de adolescentes em conflito com a lei em 2011 no Brasil, 8,4% cometeram homicídios. A maioria dos delitos é roubo, seguido por tráfico. Quase metade do total de adolescentes infratores realizaram o primeiro ato infracional entre os 15 e os 17 anos, conforme uma pesquisa do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). E, adivinhe: a maioria abandonou a escola (ou foi abandonado por ela) aos 14 anos, entre a quinta e a sexta séries. E quase 90% não completou o ensino fundamental.
Será que não há algo para pensar aí, uma relação explícita? Não são a escola – como lugar concreto e simbólico – e a educação – como garantia de acesso ao conhecimento, a um desejo que vá além do consumo e também a formas não violentas de se relacionar com o outro – os principais espaços de dignidade, desenvolvimento e inclusão na infância e na adolescência?
É demagogia fazer relação entre educação e violência, como querem alguns? Mas será que é aí que está a demagogia? É sério mesmo que a maioria da população de São Paulo acredita que tenha mais efeito reduzir a maioridade penal em vez de pressionar o Estado – em todos os níveis – a cumprir com sua obrigação constitucional de garantir educação de qualidade?
Não encontro argumentos que me convençam de que a redução da maioridade penal vá reduzir a violência. E encontro muitos argumentos que me convencem de que a violência está relacionada ao que acontece com a escola no Brasil. A começar pelo recado que se dá a crianças e adolescentes quando os professores são pagos com um salário indigno. Aqueles que escolhem (e eles são cada vez menos) uma das profissões mais importantes e estratégicas para o país se tornam, de imediato, desvalorizados ensinando (ou não ensinando) outros desvalorizados. Será que essa violência – brutal de várias maneiras – não tem nenhuma relação com a outra que tanto nos indigna?
Teríamos mais esperança de mudança real se, diante de um crime bárbaro, praticado por um adolescente a três dias de completar 18 anos, o povo fosse às ruas exigir que crianças e jovens sejam educados – em vez de bradar que sejam enjaulados mais cedo ou com mais rigor nas prisões que tão bem conhecemos. Vale a pena pensar, e com bastante atenção: a quem isso serve?
É uma mentira dizer que os adolescentes não são responsabilizados pelos atos que cometem. O tão atacado Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) prevê a responsabilização, sim. Inclusive com privação de liberdade, algo tremendo nessa faixa etária. Mas, de novo, o Estado não cumpre a lei. Numa pesquisa realizada pelo CNJ, apenas em 5% de quase 15 mil processos de adolescentes infratores havia informações sobre o Plano Individual de Atendimento (PIA), que permitiria que a medida socioeducativa funcionasse como possibilidade de mudança e desenvolvimento.
Alguém pensa em se indignar contra isso?
Se você se alinha àqueles que querem que os adolescentes sejam encarcerados, torturados e sexualmente violados para pagar pelos seus crimes, pode se alegrar. É o que acontece na prática numa parcela significativa das instituições que deveriam dar exemplo de cumprimento da lei e oferecer as condições para que esses adolescentes mudassem o curso da sua história, como mostrou uma reportagem do Fantástico feita por Marcelo Canellas, Wálter Nunes e Luiz Quilião. Segundo a pesquisa do CNJ já citada, em 34 instituições brasileiras, pelo menos um adolescente foi abusado sexualmente nos últimos 12 meses, em 19 há registros de mortes de jovens sob a tutela do Estado, e 28% dos entrevistados disseram ter sofrido agressões físicas dos funcionários. Sem contar que, em 11 estados, as instituições operam acima da sua capacidade.
Será que a perpetuação da violência juvenil decorre da falta de rigor da lei ou do fato de que parte das instituições de adolescentes funciona na prática como um campo de concentração? Antes de tentar mudar a lei, não seria mais racional cumpri-la?
É o que o bom senso parece apontar. Mas é previsível que, num ano pré-eleitoral e com 93% dos paulistanos a favor da redução da maioridade penal, segundo pesquisa do Datafolha, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) prefira enviar ao Congresso um projeto para alterar o ECA, passando o período máximo de internação dos atuais 3 anos para 8 anos em casos de crimes hediondos. Uma medida tida como enérgica e rápida, num momento em que o Estado de São Paulo sofre com o que o próprio vice-governador, Afif Domingos (PSD), definiu como “epidemia de insegurança” – situação que não tem colaborado para aumentar a popularidade do atual governo.
Vale a pena registrar ainda que o número de crimes contra a pessoa cometidos por adolescentes diminuiu – e não aumentou, como alguns querem fazer parecer. Segundo dados da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, entre 2002 e 2011 os casos de homicídio apresentaram uma redução de 14,9% para 8,4%; os de latrocínio (roubo seguido de morte), de 5,5% para 1,9%; e os de estupro, de 3,3% para 1%. Vale a pena também dar a dimensão real do problema: da população total dos adolescentes brasileiros, apenas 0,09% cumprem medidas socioeducativas como infratores. Vou repetir: 0,09%. E a maioria deles cometeram crimes contra o patrimônio.
É claro que, se alguém acredita que os crimes cometidos pelos adolescentes não têm nenhuma relação com as condições concretas em que vivem esses adolescentes, assim como nenhuma relação com as condições concretas em que cumprem as medidas socioeducativas, faz sentido acreditar que se trata apenas de “vocação para o mal”. Entre os muitos problemas desse raciocínio que parece afetar o senso comum está o fato de que a maioria dos adolescentes infratores é formada por pretos, pardos e pobres. (São também os que mais morrem e sofrem todo o tipo de violência no Brasil.) Essa espécie de “marca da maldade” teria então cor e estrato social? Nesse caso, em vez de melhorar a educação e as condições concretas de vida, a única medida preventiva possível para quem defende tal crença seria enjaular ao nascer – ou nem deixar nascer. Alguém se lembra de ter visto esse tipo de tese em algum momento histórico? Percebe para onde isso leva?
Há que ter muito cuidado com o que se deseja – e com o que se defende. Assim como muito cuidado em não permitir que manipulem nossa indignação e nossa aspiração por um mundo em que se possa viver sem matar ou morrer.
Se eu estivesse no lugar dos pais de Victor Hugo Deppman, talvez, neste momento de dor impossível, eu defendesse o aumento do número de anos de internação, assim como a redução da maioridade penal. Não há como alcançar a dor de perder um filho – e de perdê-lo com tal brutalidade. Diante de um crime bárbaro, qualquer crime bárbaro e não apenas o que motivou o atual debate, os parentes da vítima podem até desejar vingança. É uma prerrogativa do indivíduo, daqueles que sofrem o martírio e estão sob impacto dele. Mas o Estado não tem essa prerrogativa.
O indivíduo pode desejar vingança em seu íntimo, o Estado não pode ser vingativo em seus atos. Do Estado se espera que leve adiante o processo civilizatório, as conquistas de direitos humanos tão duramente conquistadas. E, como sociedade, nossa maturidade se mostra pelo conteúdo que damos à nossa indignação. É nas horas críticas que mostramos se estamos ou não à altura da nossa época – e de nossas melhores aspirações.
De minha parte, sempre me surpreendi não com a violência cometida por adolescentes – mas que não seja maior do que é, dado o nível de violência em que vive uma parcela da juventude brasileira, a parcela que morre bem mais do que mata. E só testemunhei a sociedade brasileira olhar de verdade – olhar para ver essa realidade – uma única vez: quando o Brasil assistiu, em horário nobre do domingo, ao documentário
Falcão - Meninos do tráfico. É um bom momento para revê-lo.
Sabe por que a violência praticada por adolescentes não é maior do que é? Por causa de seus pais – e especialmente de suas mães. A maioria delas trabalha dura e honestamente, muitas como empregadas domésticas, cuidando da casa e dos filhos das outras. Contra tudo e contra todos, numa luta solitária e sem apoio, elas se viram do avesso para garantir um futuro para seus filhos. O extraordinário é que, apesar de sua enorme solidão, sem amparo e com falta de tudo, a maioria consegue. Àquelas que fracassam cabe a dor que não tem nome, a mesma dor impossível que vive a mãe de Victor Hugo Deppman: enterrar um filho.
Em 2006, espantada com uma geração de brasileiros, a maioria negros e pobres, cuja expectativa de vida era 20 anos, andei pelo país atrás dessas mulheres. Elas respiravam, mas não sei se estavam vivas. Lembro especialmente uma, a lavadeira Enilda, de Fortaleza. Quando o primeiro filho foi assassinado pela polícia, ela estava com as prestações do caixão atrasada. O pai do menino tinha ganhado um dinheiro fazendo pão e, em meio à enormidade da sua dor, eles correram para regularizar o pagamento. Quando conversei com ela, Enilda pagava as prestações do caixão do segundo filho. O garoto ainda estava vivo, mas em absoluta impotência, essa mãe tinha certeza de que o filho morreria em breve. Diante da minha perplexidade, Enilda me explicou que se precavia porque testemunhava muitas mães nas redondezas pedindo esmola para enterrar os filhos – e ela não queria essa humilhação. Enilda dizia: “Meu filho vai morrer honestamente”.
Nunca alcancei essa dor, que era não apenas de enterrar um filho, mas também de comprar caixão para filho vivo, o único ato de potência de uma mulher que perdera tudo. Enilda vivia numa situação de precariedade quase absoluta, tentando trancar nas peças apertadas da casa os filhos que restavam, num calor infernal, para que não fossem às ruas e se viciassem em crack. É claro que perdia todas as suas batalhas. A certeza de ser honesta era, para ela, toda a sanidade possível. (leia aqui).
O que podemos dizer a mulheres como Enilda? Que agora podem ficar tranquilas porque o país voltou a discutir a redução da maioridade penal e o aumento do período de internação? Que é por falta de cadeia logo cedo que seus filhos vendiam e consumiam drogas, roubavam e foram assassinados? Que, ao saber que podem ir presos aos 16 em vez dos 18 anos, seus filhos ainda vivos aceitarão as péssimas condições de vida e levarão uma existência em que não trafiquem, roubem nem sejam mortos? Que é disso que se trata? Quando o primeiro filho de Enilda foi executado, ele tinha 20 anos – e já tinha passado por instituições para adolescentes e pela prisão.
Antes de tornar-se algoz, a maioria das crianças e adolescentes que infringiram a lei foi vítima. E ninguém responde por isso.
Não há educação sem responsabilização. É por compreender isso que o ECA prevê medidas socioeducativas. Mas, quando a solução apresentada é aumentar o rigor da lei – e/ou reduzir a maioridade penal –, pretende-se dar a impressão à sociedade que os adolescentes não são responsabilizados ao cometer um crime. Essa, me parece, é a falsa questão, que só empurra o problema para a frente. A questão, de fato, é que nem o Estado, nem a sociedade, se responsabilizam o suficiente pela nova geração de brasileiros.
Educa-se também pelo exemplo. Neste caso, governantes e parlamentares poderiam demonstrar que têm maioridade moral cumprindo e fazendo cumprir a lei cujo rigor (alguns) querem aumentar.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

COTAS RACIAIS e UNB

Alunos cotistas da UnB provam mérito e põem abaixo mitos de críticos. A função das cotas raciais é deixar de existir assim que a discriminação reduzir ou acabar. O papel da sociedade é trabalhar para que isso aconteça o mais rápido possível" Natália Machado, antropóloga, aluna cotista
Ana Pompeu
Publicação: 07/06/2013 08:46Atualização:
Não fossem as cotas raciais, a Universidade de Brasília (UnB) teria 71,5% menos negros no quadro de estudantes na última década. Quem esteve no seminário “10 Anos de Cotas na UnB: memória e reflexão” considera o número representativo. Para eles, é a prova de que a política afirmativa da instituição deu certo e vem incluindo uma parcela discriminada e excluída do ensino superior. Além disso, os bons resultados apresentados pelos cotistas põem abaixo alguns mitos levantados pelos críticos da ação. Entre eles, havia questionamentos sobre a queda do nível da universidade com o ingresso de estudantes por meio de cotas. O tempo provou, no entanto, que o desempenho deles, comparado ao do sistema universal, não teve diferença significativa. Em 2009, chegou a ser superior. A média do índice de rendimento acadêmico (IRA) ficou em 3,1 para os cotistas, enquanto os demais estudantes alcançaram 2,9.
A função das cotas raciais é deixar de existir assim que a discriminação reduzir ou acabar. O papel da sociedade é trabalhar para que isso aconteça o mais rápido possível'
Natália Machado, antropóloga, aluna cotista
A função das cotas raciais é deixar de existir assim que a discriminação reduzir ou acabar. O papel da sociedade é trabalhar para que isso aconteça o mais rápido possível" Natália Machado, antropóloga, aluna cotista


A partir deste mês, a instituição aprofunda o trabalho de avaliação dos resultados para decidir sobre a continuidade do sistema. Em 6 de junho de 2003, o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) aprovou a reserva de vagas na UnB. O plano estipulou 10 anos para a duração da política. Como a primeira turma com alunos cotistas ingressou no segundo semestre de 2004, o prazo vence no fim do primeiro semestre do próximo ano. Portanto, chegou a hora de a universidade pensar sobre a manutenção da reserva de vagas. Uma comissão nomeada pelo reitor deve começar a se reunir para estudar propostas sobre o tema. Possíveis mudanças vão vigorar a partir do segundo processo seletivo de 2014.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

FAMÍLIA CONOSCO NESSE FERIADÃO

Sempre bom receber família. Viva Brasília e essas oportunidades! Abraços Gê, Chiquinho e Nicole.