DISCURSO DA PRESIDENTA DILMA EM SERRA TALHADA -
PERNAMBUCO
Eu queria desejar primeiro, boa tarde, um boa tarde
muito emocionado, muito amoroso a todos os homens e mulheres aqui de
Pernambuco, a homens e mulheres desse nosso Brasil. Queria cumprimentar um
grande parceiro, um parceiro extremamente respeitado pelo meu governo – e, eu
acompanhei de perto pelo governo do presidente Lula – nosso governador de
Pernambuco, Eduardo Campos. Eu queria dirigir um cumprimento especial a ela, –
que nós te amamos – tomando emprestado do Eduardo, de dona Renata. Todos nós
chamamos de dona Renata. Esse “dona” é extremamente carinhoso. A dona Renata,
ela é um exemplo de mulher nordestina comprometida com uma das questões
principais do nosso país, que é a questão das crianças. Eu reconheço, aqui de
público, a contribuição que a Renata deu no meu governo para a questão das
creches. Muita coisa aprendemos com a Renata. (…)… eu queria cumprimentar cada
um de vocês, cumprimentar com um beijo no coração, as minhas companheiras
mulheres. Eu me orgulho muito, que num país como o Brasil, ser a primeira
mulher presidenta. E quando eu assumi o governo, eu disse que ia honrar as
mulheres porque, para nós mulheres, é um momento muito importante. Uma mulher
presidenta é, como dizia o presidente Lula: “um metalúrgico na Presidência, ele
não pode falhar, uma mulher também não.” Porque aí vão dizer: “olha, lá, ela
falhou porque é mulher”. Então, eu cumprimento as mulheres, porque elas sabem
disso. Sabem que conosco o desafio é duplo. Sempre é duplo. Agora, eu queria
dizer também para meus companheiros e para as minhas companheiras aqui
presentes: estar no Nordeste, eu posso dizer para vocês, nos últimos tempos eu
tenho viajado por quase todos os estados do Nordeste, e estar no Nordeste
sempre me emociona porque o Nordeste, no Brasil, é o início do Brasil e também
eu acho que é a solução do Brasil. É o início, porque foi aqui que nós
começamos como civilização depois dos índios, lá na Bahia. Aqui em Pernambuco,
onde se estruturou uma parte da nossa vida política, da nossa vida tanto na
fase da Colônia como no Império, mas também na República. E, estar no Nordeste
é especial ao estar aqui em Pernambuco. Eu olho no rosto de cada um de vocês,
nos sorrisos, nesse jeito que eu não acho que é seco, viu, Eduardo, eu acho que
é caloroso, é suave. Esse jeito de falar de vocês que envolve a gente.
Mas eu olho em
cada um de vocês e eu vejo em cada um dos rostos, o rosto de um pernambucano
gigante, um pernambucano especial que deu para o Brasil uma grande
contribuição, que é o companheiro presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da
Silva.
Eu aprendi a olhar muito do Nordeste, lendo alguns
livros, assistindo Vidas Secas, percebendo a tortura da seca. Mas eu aprendi
mesmo, mesmo a amar o Nordeste, a perceber que o meu país não seria um país
integral enquanto o Nordeste não fosse uma parte plena, desenvolvida e com
todos os direitos das outras regiões. Com o Lula, que de fato sempre amou o
Nordeste, em especial Pernambuco, a sua Garanhuns e lá para mim sempre disse:
quando eu nasci, não existia a separação entre Garanhuns e Caetés, não tinha.
Então, eu quero dizer que ele amava aquela região que ele nasceu. E com ele eu
aprendi a olhar o Nordeste também pelo fato que o Nordeste deu grandes
contribuições ao nosso país. Nós podemos lembrar de várias contribuições: Frei
Caneca, Joaquim Nabuco, Francisco Julião, Paulo Freire, Mário Schemberg, enfim,
podemos lembrar de várias pessoas. Mas eu tenho de lembrar que essa terra fez
nascer um cearense-pernambucano politicamente, que é Miguel Arraes. E tenho
sempre, e lembro sempre do imenso carinho com que ele me tratou, além do imenso
carinho, um grande e imenso respeito que todos os brasileiros que se dedicaram
à transformação do país devem a Miguel Arraes.
E esta terra para mim também tem um aspecto muito
especial: aqui nasceu um gênio criativo chamado Ariano Suassuna. Nasceu na
Paraíba, mas sempre me disse que era pernambucano por opção e por engajamento
ele era nordestino. Agora pela sua grandeza universal ele é brasileiro. E eu
tenho um grande respeito e uma grande admiração por Ariano Suassuna, que se eu
não me engano é tio da nossa dona Renata.
Eu estou fazendo aqui em Pernambuco hoje a mesma
coisa que o Lula sempre fez quando eu o acompanhava o Lula nessas viagens. Ele
vinha, conversava com o Eduardo, que trazia, porque tinha a determinação e o
compromisso de fazer, trazia sempre uma obra e um benefício. Trazia obras e
benefícios. Trazia o seu compromisso com o que eu vou chamar, com a pátria
nordestina dele, mas eu vou chamar, sobretudo, com o Brasil. Porque desenvolver
o Nordeste é algo que o Lula percebeu sempre, era desenvolver o Brasil. Tanto
como acabar com a pobreza é uma obra crucial para formar nossa nacionalidade,
acabar com a perversa distribuição de renda regional é uma obra de constituição
da nossa nação. É uma imposição que aqueles que tem compromisso em garantir que
nós sejamos mais que um grande país, nós sejamos uma grande nação devem a todos
os nortistas, nordestinos e todos aqueles que foram durante séculos
marginalizados e excluídos de forma deliberada por vários governos que me
antecederam.
Vocês sabem muito melhor do que eu que, durante
muito tempo, negaram ao povo pernambucano o que ele merecia. Eu acredito que
isso veio acabando. Acho que várias iniciativas, como o governo do Miguel
Arraes, mudaram esse padrão de exclusão de Pernambuco, do Nordeste, das
questões brasileiras. Mas acredito que quando o Lula chegou à Presidência da
República um novo ciclo de desenvolvimento se instalou no Brasil. Um novo ciclo
que contempla todo o povo brasileiro. Que torna o povo brasileiro o centro da
preocupação do governo. e que torna a necessidade de um reequilíbrio nas
relações entre as regiões do país com a imposição do desenvolvimento.
O Lula era uma criança que, possivelmente, estaria
condenada a não sobreviver, a não ter uma vida plena. E, como muitos
nordestinos, era essa a condenação que pesava sobre ele. Mas ele superou isso.
Ele é um caso que mostra perfeitamente a imensa capacidade e determinação do
homem e da mulher nordestinos no sentido de sobrevier, viver e mudar sua vida.
Por isso, eu acredito que ele teve um papel
fundamental no Brasil. Ele teve um papel fundamental no Brasil porque ele
jamais esqueceu de onde ele veio. E nós não só não podemos esquecer de onde
viemos, como não podemos nos esquecer dos compromissos políticos que ao longo
de nossas vidas nós lutamos por eles, nós constituímos todo um processo de luta
e de mudança. E essa mudança não é uma mudança que está nas estatísticas, que está
lá nos números. Não é. Essa mudança que começa em 2003, podem ter certeza, ela
só é real porque é uma mudança na vida da pessoa, lá dentro da casa da pessoa.
É essa mudança que eu me refiro, aquela que significa que no Brasil as pessoas
hoje não têm certeza que o Brasil não tem aquela cara feia que tinha da
miséria, aquela cara feia da exclusão, aquela cara feia da desigualdade. O
Brasil hoje tem outra cara. É a cara que nós vemos quando a gente olha na rua e
olha aqui: é a cara da mãe, que conseguiu tirar seus filhos da pobreza extrema,
com o Bolsa Família, com a valorização do salário mínimo. É a cara da mãe que
vai colocar o seu filho em uma escola de tempo integral, que vai colocar sua
filha na creche. É a cara do pai, que pela primeira vez tem acesso à casa
própria. É a cara e os rostos de 19 milhões de trabalhadores com carteira
assinada, com carteira assinada. É a cara do estudante que jamais poderia
entrar em uma escola privada, e agora pode, através do Prouni. É a cara que o
Brasil tem quando a gente olha os brasileiros no mundo, é a cara do respeito e
da autoestima, a cara de um Brasil que inspira cada um dos seus filhos, porque
nós só somos respeitados lá fora porque nós mudamos aqui as condições, e
provamos que era possível mudar.
Eu sei que estou aqui hoje inaugurando uma obra. E
inaugurar uma obra que melhora a vida das pessoas e começa melhorando já no
início, quando contrata trabalhadores – e aqui eu quero homenagear todos os
trabalhadores, que com as suas forças e com a sua mão, fizeram essa obra
magnífica. Nós sabemos que entregar uma obra é um prazer quando ela é uma
conquista. Eu sempre escuto do Fernando Bezerra a seguinte frase: “Presidenta,
essa obra está prevista há dez anos”. Às vezes ele diz pra mim há cinquenta
anos e eu acho que uma obra como essa não podia estar prevista há dez anos. Nós
hoje só temos ainda dificuldade em relação à seca porque isso que nós estamos
fazendo, hoje, tinha de ser feito há um século atrás. É isso, é por isso. Por
isso eu fico muito feliz de estar entregando esse primeiro trecho do sistema
Pajeú.
Nós vamos garantir aqui um direito dos mais
sagrados: a água. E a água, para nós… e eu acho que, de fato, uma questão que o
governador falou e ele tem toda razão: não só nós quebramos o clientelismo da
água, mas nós quebramos também o clientelismo com o Bolsa Família. Quando nós…
nós acabamos com o clientelismo quando criamos o cartão, acabamos com o
intermediário, acabamos com alguns clientelismo no Minha Casa, Minha Vida. Todo
mundo que tem… todo brasileiro tem direito ao Minha Casa, Minha Vida. Nenhum
órgão tem poder de falar: olha, eu estou te dando a casa. A casa é um direito
de cidadania, assim como a água é um direito de cidadania. E a água que faz
brotar vida – e nós somos quase todos água –, essa água tem de ser considerada
uma das questões estratégicas do Brasil.
Por isso, essa obra não vai terminar aqui. A
ministra Miriam disse: “essa obra de Serra Talhada vai chegar a Afogados da
Ingazeira, e de Afogados da Ingazeira ela vai a Taperoá, lá na Paraíba, passando
por todas as cidades desse trecho. Nós vamos fazer Entremontes, nós vamos
assegurar que aqui tenha segurança hídrica construindo também todo sistema do
Agreste, o Canal do Agreste, a Adutora do Agreste. Nós iremos investir aqui de
forma substantiva, porque um país como nós não pode ter esse tipo de relação
com a seca que nós tivemos até hoje. Nós estamos há dez anos no governo, nós
tivemos parcerias estratégicas como essa aqui em Pernambuco e várias outras em
outros estados. Nós temos obrigação de construir no Brasil, uma garantia de
água que permita que a seca seja um evento da natureza, mas não provoque, não
mude e não diminua o ritmo das conquistas do povo brasileiro e do povo
nordestino.
Por isso, aqui, no Nordeste, nós estamos
investimento em torno de R$ 32 bilhões em adutoras, barragens, canais, estações
de tratamento, redes de abastecimento de água, programa água para todos.
Nós, e eu faço questão também de lembrar que no
próximo ano a interligação da bacia do São Francisco vai chegar ao reservatório
de Jati, na divisa do Pernambuco com o Ceará. E isso vai significar que nós
estamos cercando, cercando, criando uma barreira contra a seca, através dessas
adutoras, dessas barragens e de todo um processo de construção como é esse que
o governo do Estado vem fazendo com o governo federal nos últimos anos. Nós
sabemos que estamos enfrentando a maior seca dos últimos 50 anos. Em alguns
lugares é a maior seca dos últimos 100 anos. Esse é um dado científico, é um
dado comprovado. Há um ano nós viemos atuando juntos: os governadores e o
governo federal, e as prefeituras. Nós mudamos a questão da operação carro-pipa
no governo federal. Quem faz a operação carro-pipa no governo federal é o
Exército Brasileiro e é o Exército Brasileiro que está hoje com quase cinco mil
carros-pipa, distribuindo água complementarmente ao que fazem os estados que
também têm carros-pipa, mas também não nessa proporção. E o Exército vai
continuar e vai aumentar a operação carro-pipa.Aqui nós temos 826 carros-pipa e
também vamos continuar instalando cisternas, vamos continuar instalando
cisternas, passando recursos para o governo estadual fazer barreiros e fazer
poços. Nós vamos continuar também pagando o seguro garantia-safra de R$ 140 e o
bolsa-estiagem de R$ 80. Agora, no dia 02, ele será prorrogado até julho, mas
enquanto durar a seca nós iremos pagar seguro garantia-safra e bolsa estiagem. Nós
vamos continuar vendendo milho. Só que agora de uma forma também mais
aperfeiçoada, vamos acertar essa venda com os governadores. O governo federal
compra milho e vende para o agricultor a um preço mais baixo, para o agricultor
do semiárido nordestino. Nós vamos também garantir que assim que a seca pare,
assim que a chuva comece, o governo federal vai ter um programa de recomposição
de rebanhos. Eu tenho dito isso em todos os estados da União. Eu não sou de
prometer sem cumprir, e eu quero dizer para vocês que nós não iremos perder as
conquistas que tivemos nesses dez anos. Nós não vamos perder por que? Porque
temos coragem, determinação e vontade política de assegurar que o povo daqui
dessa região, de todo o Nordeste e do semiárido, tenha condições de voltar a
ter a situação que tinha, a melhor situação que tinha antes da seca.Nós vamos
discutir isso nessa reunião que é muito importante e que vai acontecer dia 2 de
agosto, desculpa, de abril. Porque eu acredito o seguinte: eu acredito que nós
temos que avançar. Nós temos que avançar e temos que assegurar que os
mecanismos de combate à seca eles têm que ser permanentes. Não é que nós vamos,
de jeito nenhum, ficar com a mesma história todo tempo, mas a hora em que
acabar a seca e vier a chuva, nós vamos ter que criar mecanismos que durem e
assegurem que as pessoas não sejam atingidas. Exemplo: nós vamos ter que tratar
de uma questão que é o estoque da alimentação dos rebanhos. Como é que nós
garantimos que haja permanentemente um estoque de segurança, de garantia dos
rebanhos aqui na região. Bom, eu queria dizer também para vocês que durante
muito tempo o povo nordestino foi levado a acreditar, ou melhor, até não acho
que o povo nordestino acreditava não, mas o resto do Brasil acreditava, que o
problema aqui do Nordeste era o clima. E que porque tinha o clima não tinha
saída. Eu acho que o problema não é o clima. O problema do Nordeste é a valorização
do homem e da mulher pernambucanos, baianos e nordestinos. Valorizar significa
perceber, e eu acho que nós provamos isso, que é possível combater a seca de
outra forma. É possível combater a seca olhando a seca e percebendo que o homem
e a mulher são capazes de vencer quando providenciam os instrumentos corretos.
E é isso que nós queremos. Sistema adutor, sim. Sistema adutor, sim. Proteção à
pequena agricultura, sim. Garantia do milho, porque o governo federal vai
garantir o milho. Se tiver que importar milho, vai importar milho e garantir
milho aqui nessa região.
Eu queria dizer para vocês que em que pese tudo
isso, nós estamos vendo uma mudança acelerada aqui na região. Pernambuco, eu
acho, que é um novo Pernambuco nos últimos dez anos e, sem dúvida, o governador
tem um grande papel nisso, e o governo federal, tanto com o Lula quanto na
minha gestão, também tem. Nós aqui conseguimos uma questão fundamental. Nós
conseguimos que a economia crescesse e que a indústria aqui também aumentasse a
sua presença. Nós conseguimos fazer um conjunto de obras que fazem e mostram
uma nova face para esse novo Nordeste.
Eu me refiro ao Porto de Suape, à Refinaria Abreu e
Lima, à duplicação de estradas federais, o Gasene, a integração do São
Francisco e eu queria dizer, tem gente que fica falando, não vai sair a
Refinaria Abreu e Lima. São aves de mau agouro, aves de mau agouro que estão
erradas, porque nós vamos fazer a Refinaria Abreu e Lima e logo, logo, ela vai
estar processando seus 230 mil barris por dia e isso vai significar não só um
ganho aqui para Pernambuco, mas para o Brasil, porque essa será a primeira, a
primeira refinaria em 33 anos no nosso país.
Eu acredito que obras como o Atlântico Sul, a
petroquímica do Nordeste aqui em Suape, tudo isso e as obras da Fiat, elas
mostram um novo cenário, um cenário em que essa parceria tem resultado, tem
dado resultados efetivos, melhorando aquilo que interessa para as pessoas. As
pessoas querem ter um emprego, querem ter um salário certo no fim do dia,
querem ter oportunidades, é isso que as pessoas querem.
E aí eu quero dizer para vocês uma coisa: todos
esses investimentos que nós fizemos aqui em Pernambuco, se você juntar os
investimentos federais e aqueles feitos pelas nossas estatais, nós chegamos a
um volume extraordinário, um volume de R$ 60 bilhões, aqui nós botamos R$ 60
bilhões. Porque o governo coloca não só na forma de Orçamento Geral da União,
mas coloca na forma de financiamento.
Hoje nós entregamos, aqui, tanto as
retroescavadeiras como os ônibus escolares. Mas eu queria dizer para vocês que,
além dos investimentos em infraestruturas e empresas, é importante destinar aos
prefeitos um trio, um trio que é constituído por um caminhão-caçamba, uma
retroescavadeira e uma motoniveladora. Todos os municípios menores de 50 mil
habitantes vão receber, mas nós, nesse programa do dia 2 de abril – eu vou
antecipar para vocês –, vamos estender também para os municípios do semiárido
que tenham mais de 50 mil e estejam no semiárido.
Tem um cartaz ali falando: 10% para a educação. Da
minha parte, eu considero que o futuro do Brasil passa pela questão da
educação, passa por várias questões da educação, passa pelo curso técnico
profissionalizante que nós estamos fazendo, em parceria com o Sistema S,
criando 8 milhões de vagas pelo Brasil afora – além disso nós, aqui em
Pernambuco, é bom que se diga, matriculamos 42 mil jovens no Pronatec –, passa
pelas escolas técnicas estaduais, passa pelas novas universidades.
Nós prometemos 10 institutos federais, institutos
técnicos federais até 2014. E nós iremos implantá-los. Entre eles, nós vamos
implantar, aqui, todos os projetos já definidos. Eu queria lembrar que
inclusive vamos implantar aqui em Serra Talhada um instituto federal de
tecnologia e escola profissional.
Agora, eu queria explicar para vocês uma coisa.
Nenhum governador, nenhum prefeito tem dinheiro suficiente para pagar professor
no Brasil. E pagar professor no Brasil é essencial. Ninguém vai melhorar a
educação sem dar uma nova importância e um novo status ao professor. Aonde que
está o dinheiro? Não, não adianta me bater palmas, não adianta. Eles não têm de
onde tirar, eles não têm de onde tirar o recurso, nem os governos estaduais.
Por isso, nós mandamos para o Congresso Nacional, numa medida provisória, que
todos os royalties do petróleo do governo federal, dos governos dos estados e
das prefeituras fossem destinados à educação, porque esse país só vai para a
frente se nós investirmos, de forma significativa, na educação. E aí não é só
construir escola, construir escola faz parte. Aí é valorizar, valorizar aquele
que ensina nossos filhos, nossos netos. É valorizá-los. Mas não é só
valorizá-lo, é formá-lo melhor. E eu quero dizer aqui para todos que nenhum
país do mundo virou uma nação desenvolvida sem alguns requisitos. Primeiro, sem
escola em tempo integral. Escola em tempo integral não é aquela que primeiro
ensina matemática, português e uma língua e ciências de manhã e de tarde faz
arte e faz esportes. Não é isso não. Escola em tempo integral faz português,
matemática, ciências, um língua o dia inteiro. Em todos os países desenvolvidos
é assim. Pode fazer também futebol e artes, mas isso é complementar,
suplementar. Escola em tempo integral é para que nossos filhos sejam melhores
do que nós. Que é o anseio de todo pai e de toda mãe, os seus filhos serem
melhores que eles. Daí só tem um dinheiro de onde a gente pode tirar, e esse
dinheiro é dos royalties do petróleo no Brasil. Por quê? Porque nós temos de
fazer isso nos próximos dez anos, nós precisamos fazer isso nos próximos dez
anos. Nos próximos dez anos nós temos de garantir que as crianças até oito anos
de idade saibam fazer as contas de aritmética, saibam ler um texto simples e
interpretar. Isso chama-se alfabetização na idade certa. O Brasil precisa que
suas crianças tenham uma qualidade de educação que vai, progressivamente,
atingindo a cada um de nós, as indústrias, a agricultura, aos serviços. Por
isso, eu quero dizer para vocês que 10% da educação… eu não sei se são só
10[%], se no início é um pouco mais de 10[%] e depois vira 10[%]. Agora, eu sei
de onde sai o dinheiro. O dinheiro sai de onde tem dinheiro, que é dos recursos
originários da exploração do petróleo no nosso país.
Nós diminuímos a distância entre ricos e pobres.
Todo mundo hoje pode se orgulhar disso. Você pega um avião hoje, e gente que
nunca entrou num avião nos últimos dez anos, está lá sentada junto com todo
mundo. Nós sabemos que a questão fundamental do nosso país é que diminuiu a
distância. O que mudou no Brasil? Se perguntarem para vocês: o que mudou no
Brasil? Sabem o que mudou no Brasil? Nós diminuímos as distâncias entre ricos e
pobres, mas nós fizemos isso acelerando a renda dos mais pobres, que cresceu
mais de 90%, enquanto a renda dos mais ricos também cresceu, mas cresceu menos,
cresceu 16%. Essa é uma questão fundamental para um país como o nosso.
Nós também não seremos uma grande nação enquanto
não acabarmos com a pobreza. Não seremos, não tem jeito. Aquela visão que
excluía uma parte da população e uma parte do Brasil foi, nos últimos dez anos,
enterrada. Foi isso que aconteceu no Brasil. Nós mudamos, completa e
totalmente, o que vinha acontecendo.
E eu quero dizer para vocês que nós iremos mudar
ainda mais. Nós iremos mudar a infraestrutura do país, que precisa ser mudada.
E aqui eu vou antecipar aquilo que o ministro estava doidinho para anunciar, e
ele tem razão de querer anunciar, porque uma parte ele sempre defendeu essa
questão e eu acho que ele tem razão, que é a questão das ferrovias. Nós vamos
fazer uma ferrovia por dentro do estado de Pernambuco. O ministro defendeu
porque tinha previsto uma ferrovia que nós vamos manter que sai de Salvador e
vai até Recife, ou vai de Recife a Salvador. E a proposta do ministro era uma
outra ferrovia, que saindo desse trecho, da Transnordestina, subiria por dentro
do estado e chegaria a Petrolina. É Garanhuns-Petrolina, Parnamirim, Petrolina
e depois Salvador. Você pode levantar e falar sua ferrovia. Não, eu vou deixar…
aqui meu filho … ô gente, ele está se fazendo… porque eu avisei a ele que eu ia
chamar…