É
sempre muito importante prestar atenção nos acontecimentos. O que acontece no presente
(é chover no molhado dizer isso) tem uma
relação intrínseca com o passado e será, certamente, refletido no futuro. A
História explica isso. Essa enrolação inicial faz-se necessária para um
comentário que tenho a fazer sobre a cobrança que nós temos feito sobre a
problemática da saúde pública.
Os
primeiros brasileiros a tomarem as ruas nas manifestações que aconteceram
recentemente o fizeram em contra o aumento da tarifa de ônibus e metrô em São
Paulo. A ação destrambelhada e violenta da polícia tucana do Alkmin desencadeou
uma onda de solidariedade aos jovens do Movimento Passe Livre e o aflorou todo
desejo de querer mais do povo brasileiro. Várias necessidades foram citadas:
transporte público de qualidade; combate com mais rigor à corrupção; segurança
pública de qualidade; saúde pública de qualidade, etc.. Para ficar apenas
nesses quatro itens vejo que independente de classe social dois deles envolve a
todos nós: segurança pública de qualidade e combate à corrupção. Os outros dois
itens, transporte público de qualidade e saúde pública de qualidade tem um viés
de público diferente. Posso estar errado mais não vejo coerência no público das
classes média, média alta e alta lutar por esses dois últimos itens citados.
Esse público definitivamente não depende do Estado brasileiro para esses fins,
afinal tem plano de saúde particular e carros. Da segurança falarei em outra
oportunidade. Agora quero comentar sobre SAÚDE PÚBLICA.
A
maioria dos que foram às ruas exigindo saúde pública de qualidade é formada por
jovens que há pelo menos uma década passaram a usufruir das benesses de uma
inegável ascensão social. Dados estatísticos apontam para cerca de 30 milhões
de brasileiros que ascenderam socialmente na última década. Ascensão social não
está relacionada apenas a melhoria financeira mas, principalmente, ao acesso a
informação e à educação. Esses três fatores, acredito, são os principais
responsáveis por essa que chamo de FESTA DA DEMOCRACIA que é a manifestação por
melhores condições de vida. O que vimos (claro, exceto os atos de vandalismos)
foi o exercício pleno da CIDADANIA. Isso obrigou os políticos a se mexerem. Não
somente a Presidenta Dilma, os governadores e os prefeitos, mas principalmente
os “nobres” deputados e senadores. Respostas têm acontecido, mesmo que
tardiamente. Como meu comentário é sobre saúde pública, aqui vai:
Em
dezembro de 2007 parlamentares da oposição (PSDB, DEM e PPS) comemoraram, e
muito, a derrubada da CPMF. Todos sabemos que esse imposto foi criado no
governo FHC para financiar a SAÚDE. Aos digníssimos parlamentares da oposição
interessava apenas acabar com um imposto, o que é justíssimo. A Senadora Kátia
Abreu, na época no DEM, colocou até uma árvore de Natal no cafezinho do
Plenário onde identificava determinados produtos com o preço dos mesmo com e
sem CPMF. Segundo ela e todos os outros digníssimos deputados da oposição com a
queda desse imposto, muitos produtos iriam ficar mais baratos. A maioria dos trouxas
(otários, como diria Ciro Gomes) acreditou nessa fantasia e fez festa com o fim
do imposto. RESULTADO: nem o preço dos produtos barateou e, pior que tudo,
retirou-se 40 BILHÕES ANUAIS do orçamento da saúde.
A
maioria dos que protestaram por saúde de qualidade depende do SUS, então não
deve se esquecer de quem são os responsáveis pela retirada dessa grana da saúde
e, consequentemente, pelos péssimos serviços de saúde pública.
Agora
vamos aos médicos! que profissionais dedicados, caridosos, e humanizados! Eles
têm se reunido em manifestações e também entrado com ações contra o programa
Mais Médicos. Em sua defesa argumentam que não trabalham no interior por falta
de condições adequadas de trabalho. Argumento justíssimo!!! Só tem um porém:
ninguém me tira da cabeça que a grande maioria desses médicos são os filhos, ou
os próprios, da classe média, média alta, e alta que em dezembro de 2007
comemorou a retirada, repito, de 40 BILHÕES ANUAIS, de investimento em saúde
pública. Só de 2008 para o momento atual foi uma perda de receita da ordem de
220.000.000,00 (DUZENTOS E VINTE BIHÕES). Outro argumento é a quanto a vinda de
médicos estrangeiros. Lutar para regularizar isso está certo, mas impedir não é
democrático. E não me venham dizer que é o nosso país que tem as melhores
faculdades de medicina e os melhores médicos do mundo. Aqui ó!!!!
Apenas
para pensar, afinal isso é de graça.